O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Deteriorado e abandonado, JL é palco do Campeonato Potiguar Feminino

O Campeonato Potiguar de Futebol Feminino não poderá ter público. Isso porque o local escolhido para o certame foi o Estádio Juvenal Lamartine, que está com as arquibancadas interditadas pelo Corpo de Bombeiros por apresentar uma estrutura precária. Se não haverá torcida em campo, sobrará marcas de abandono e esquecimento em um patrimônio histórico do Rio Grande do Norte. O cenário é de deterioração com o tempo e falta de manutenção, e é com essa realidade que as jogadoras irão conviver a partir do dia 7 de maio, data do início da competição. Quem entra no estádio se depara primeiro com a ferrugem tomando conta das grades que separam a arquibancada do campo. Mais à frente, um vazamento de água inunda todo o corredor que da acesso à arquibancada e ao banheiro. A escada para o seu acesso está aos pedaços e com os corrimãos também enferrujados. Os banheiros são um dos pontos mais críticos: não há água, revestimento com cimento e, nem mesmo em casos de urgência, podem ser utilizados. No chão há muitos entulhos e, em alguns pontos, fios aparecem soltos.
RN - Estádio Juvenal Lamartine (Foto: Divulgação)Estádio Juvenal Lamartine se encontra em péssimas condições;
arquibancadas estão interditadas (Foto: Cedida)
São essas condições que as cinco equipes participantes do estadual feminino irão conviver por dois meses, tempo de duração do campeonato. Participarão o Alecrim, Cruzeiro-RN, Globo FC, Parnamirim e União. Segundo o GloboEsporte.com apurou, as reclamações surgem das jogadoras de ao menos quatro clubes, mas muitas optam por não se identificarem nas denúncias. Temem represálias. A atleta Iwlly Sabrina, do Parnamirim, é uma das que se mostram insatisfeitas com a situação e decidiu falar. É um pouco incômodo. A gente não vai poder levar nem familiar, nem amigo. O futebol feminino já é uma coisa tão difícil que é complicado querer e não poder. Muitas pessoas sabem que a gente joga bola e não vai poder estar lá por estar interditado. A gente vai para um lugar que não vai poder mostrar o que a gente realmente gosta de fazer. Muitos amigos sabem que eu jogo e não poderão ir lá. Isso frustra o sonho de quem joga futebol - desabafou. O GloboEsporte.com tentou entrar em contato com o presidente José Vanildo, da FNF, mas ele se recusou a falar sobre o assunto.
IMPASSE JUDICIAL
Banheiros do JL não funcionam; onde está o respeito com as atletas do RN? (Foto: Cedida)
Desde 2015, o estádio enfrenta um impasse judicial entre a Federação Norte-rio-grandense de Futebol, atual responsável pelo local, e o Governo do Estado, detentora por lei. Enquanto não for resolvido, a FNF e o Governo não podem realizar reformas na estrutura. O único cuidado permitido é com o gramado. No entanto, a deterioração antecede o processo. O Juvenal Lamartine está em estado de destruição desde quando era permitido realizar reformas estruturais. A procuradora responsável pelo processo, Marjorie Madruga, afirma que uma visita no início de 2015, ano em que o processo se iniciou, dava conta da péssima condição do estádio. A reintegração de posse foi pedida porque o estádio está há muitas décadas na mão da FNF e se encontra deteriorado há muito tempo. Eles tinham a obrigação de conservar e não conservaram - afirma a procuradora. Atletas que frequentam o estádio também afirmam que os problemas antecedem o processo de reintegração de posse. O vazamento de água no corredor de acesso aos banheiros e às arquibancadas existe desde 2012.
DIÁLOGO COM A FNF
As jogadoras dos clubes participantes do estadual e adeptas da modalidade se articulam para tentar um diálogo com a FNF em busca de alternativas. Rayane Rocha, ex-jogadora e amante do futebol feminino, é uma das que se mostram preocupadas com a situação. Longe das competições, Rayane pede a união dos cinco clubes para articular a mudança. Ela lamenta a situação de não poder prestigiar o estadual e a exposição das jogadoras à falta de estrutura. A situação é constrangedora. Há até mesmo perigo para as atletas porque o vestiário e o banco de reservas do Juvenal são debaixo das arquibancadas, que estão interditadas por estarem deterioradas. É preciso que os cinco clubes se unam para sentar com o presidente da FNF, José Vanildo, e procurar alternativas. Se unir para o bem do esporte. Não é para haver críticas destrutivas, mas dialogar e buscar soluções juntos. Se o futebol feminino continuar do jeito que está, a tendência é afundar - declarou Rayane Rocha.
* Estagiário sob supervisão de Augusto César Gomes.

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