O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

domingo, 8 de novembro de 2015

“O ABC precisa de um presidente de pulso firme”

Sempre fazendo questão de deixar claro que não tem inimigos dentro do ABC e que se contrapõe apenas as gestões que não considera construtivas para o clube, nunca as pessoas, o conselheiro José Adécio depois de 32 anos de vida pública ocupando cargos políticos resolveu que chegou a hora de dar um salto na sua condição no interior do alvinegro. Em meio ao tiroteio entre situação e oposição, ele colocou seu nome como a candidatura de proposição e faz isso esperando continuar com bom trânsito dentro dos dois ambientes. A ideia é realizar uma mudança profunda no futebol do clube, apostando mais nas pratas da casa e realizando contratações pontuais, para não estourar o orçamento proposto de R$ 300 mil previsto para atividade. José Adécio disse contar com apoio de pessoas influentes dentro do alvinegro e se mostra confiante na eleição. Duas pautas bombas do projeto são: o fim do pagamento do bicho por vitória aos atletas e promover o distrato com a Arena das Dunas, para que o clube passe a atuar apenas no Frasqueirão. Acompanhe o que o candidato disse em entrevista à TRIBUNA do NORTE.
Emanuel AmaralConselheiro do clube há muitos anos, o deputado afirma que as contas e contratações precisam ser melhor controladas 
Conselheiro do clube há muitos anos, o deputado afirma que as
contas e contratações precisam ser melhor controladas
O que motivou o senhor a lançar a candidatura à presidência do ABC?
Muito em função dessa situação envolvendo os dois grupos da situação e da oposição dentro do clube, eu nunca fiz oposição a gestor do ABC, faço contraponto as gestões desenvolvidas dentro do clube. Apenas na administração Judas Tadeu fiz uma oposição pontual e acabei me desentendendo, tendo de falar no conselho por força de liminar, porém refizemos a amizade e votamos com força em Rubens Guilherme, para mim um rapaz de bem, qualificado e honesto. Porém, na minha visão sem punho para administrar uma entidade como o ABC, pode ser um grande administrador dos próprios negócios, pois no clube deixou as coisas muito soltas. O ABC precisa de um presidente de pulso firme, isso é o que penso.
Foi por essa oposição a gestão que passou a militar no lado da chamada oposição?
Foi por discordar da forma como o clube vinha sendo administrado que passei a frequentar reuniões com Leonardo Arruda, com Judas Tadeu e na oportunidade conheci Flávio Anselmo, a quem hoje nutro uma admiração pessoal por se tratar de um cidadão inteligente, pragmático e com um grande desconfiômetro. Uma imagem totalmente diferente da que eu tinha antes de conhece-lo pessoalmente. Esse grupo cresceu e surgiram nomes como Ricardo Couto, Rodrigo Salustino, quando se criou a necessidade de realizar o marketing para mostrar maneiras de como salvar o ABC. Eu fui contra, por que a conta apresentada era alta e até ajudei a pagar ela nos primeiros meses junto com outros membros do grupo. Como eu não via nada além do slogan “Salve o ABC” comecei a me posicionar contrário, pois queria que o dinheiro fosse empregado de uma forma mais competente.
E o dinheiro foi empregado com mais competência?
Logo depois foi realizada uma festa para a ala denominada como as viúvas de Judas Tadeu, que considerei outra maluquice, pois das viúvas de Judas, poucos votam, o nosso universo de eleitores são os associados que não sabemos nem quem são. Na penúltima reunião que participei foi tocado no tema dos recursos que Judas havia colocado no ABC e que seria preciso repor. Eu mantive a opinião de que o momento não era oportuno para se tratar na questão e achava que se o fato vazasse para imprensa poderia ser um desastre para candidatura de Judas Tadeu. Disse que se tivesse colocado milhões, Judas deveria esperar que alguém se elegesse para tratar da questão diretamente com o gestor. Depois disso a conversa descambou para uma outra área, onde Flávio Anselmo explicou os motivos por que ele e Leonardo Arruda não poderiam sair candidato. Leonardo por estar para imprensa como a pessoa responsável pelas fofocas que vazam e ele, Flávio, por ter a imagem de um homem desonesto. Na minha concepção eles não são nada disso.
O que de objetivo ocorreu neste encontro?
Nele nós fizemos um pacto, de que na reunião do conselho deliberativo eu pediria a palavra para solicitar a renúncia de Rubens Guilherme, Judas faria um pronunciamento com críticas a parte administrativa e Leonardo Arruda falaria sobre os problemas das questões trabalhistas. Na reunião só eu apareci e pedi a renúncia do presidente. Educadamente Rubens Guilherme não renunciou, mas pediu licença até o último dia do mandato, promovendo uma espécie de renúncia branca. Leonardo se chateou pelo fato de eu não ter exigido a renúncia também de Rogério Marinho, quando disse que não poderia solicitar a renúncia de quem não havia sido eleito e ocupa apenas um cargo de confiança.
E como ocorreu essa dissidência com a chapa de oposição?
Ocorreu numa reunião realizada na sede da agência que faz o marketing da campanha, a Crioula. Flávio Anselmo ligou para me comunicar e disse a ele que estava fora, mas ainda assim fui ao encontro. Naquele momento estava disposto a votar no candidato deles, desde que apresentassem um plano de gestão e acabassem com o radicalismo que havia tomado conta da situação. Tenho amigos nos dois lados e acredito que eles até acharam que eu estava cavando minha candidatura na chapa da situação, pelo bom trânsito que tenho lá também. Na reunião eles falaram que havia um documento de apoio à candidatura de Judas Tadeu, pediram minha assinatura, não me apresentaram nada e coloquei que assinaria apenas depois de ler o teor do documento.  Passei algumas sugestões, Tadeu discordou, mas ainda assim pegaram as sugestões. O mal-estar ocorreu quando um membro desse grupo, depois de eu dizer que havia me encontrado com o conselheiro Fernando Vasconcelos, quis me peitar e disse que “amanhã eles iriam saber a quem Fernando Vasconcelos, vice-presidente do conselho deliberativo, estava traindo: a mim ou a eles”. Daí para frente acabou qualquer possibilidade de entendimento.
Desse ponto em diante a ideia de ser candidato de firmou?
Sim. Comecei a me assessorar junto a deputados do DEM que têm experiência também na administração esportiva. Falei com várias pessoas pelo Nordeste e até com o próprio Roberto Dinamite para me inteirar. Visitei o ASA, em Arapiraca e deixei Alagoas impressionado como o eles conseguem realizar campanhas bem melhores que o ABC tendo uma estrutura infinitamente inferior à que possuímos aqui. O segredo deles é trabalhar com as bases, aproveitando atletas da região. Neste momento contratei pessoas para fazer um plano de gestão no ABC, passei as minhas ideias e estou lançando meu projeto de administração. Promovi o evento de lançamento da minha candidatura na sexta-feira passada sabendo que ela poderia morrer ali mesmo, mas sai dele convicto que minha candidatura é real e está forte, ela tomou impulso.
E como vai ser esse ABC de José Adécio?
Eleito, eu só vou ficar com sete ou oito jogadores da base atual. O restante, todos serão demitidos a exceção de Bismark e Romarinho, que tenho razões para tentar renovar os contratos. O trabalho de Sérgio China também me agrada e ele é o primeiro nome que vamos buscar para continuar o projeto, muito pelo que ele fez no Salgueiro. Depois irei buscar um lateral-esquerda com a qualidade de Lima, um meia direita e dois homens de meio campo qualificados. Além de um dez diferenciado. Pelas minhas contas esse grupo poder ser mantido com investimento de R$ 300 mil.
E de onde viria essa receita?
Viria da Lotomania que rende em torno de R$ 250 mil ao ABC, para sorte dos times da Copa do Nordeste a cota de participação desse ano passou para R$ 515 mil, passando para segunda fase chega a R$ 900 mil e também aquelas placas de publicidade que temos em nosso estádio. Já conversei com colegas meus e tenho cinco vendidas a R$ 10 mil cada. Hoje, dependendo do aperreio por dinheiro, elas são comercializadas até por R$ 2 mil. Então nós vamos ter receita para trabalhar a equipe neste início de temporada.
E com relação as dívidas, um tema que assombra qualquer candidato?
Eu não vou pagar um tostão a ninguém que essa dívida não esteja documentada e registrada no balanço do clube. Se Judas Tadeu tiver dois milhões aplicados no ABC estando documentado, ele recebe, caso contrário vai ficar apenas com o meu pedido de desculpas. Farei uma auditoria nas contas apenas para me resguardar, pela experiência que possuo em administração sei que isso é importante e não vou revirar contas de ninguém apenas por questão de revanchismo. Não quero delatar ninguém. Me constrangeu muito uma carta apócrifa que andou circulando pelos meios de comunicação tratando de coisas das gestões do ABC, foi uma nojeira sem tamanho, coisa de mal caráter. Falam de Judas Tadeu, Flávio Anselmo, um pouco de Rogério Marinho, Rubens Guilherme. Tem muita mentira, mas como me enojei, decidi me propor a acabar com esse tipo de picuinha dentro do nosso clube lançando uma candidatura de proposição.
Embasou esse lançamento de candidatura em quê?
Eu fiz oito cartas para os chamados figurões do ABC. Passei três horas conversando com Rogério Marinho sobre o clube e das oitos pessoas a quem escrevi o último que conversei foi com Paiva Torres. Disse a essas pessoas na carta, que se elas desejassem ser candidatas à presidência do ABC e aceitassem as sugestões que estava colocando para o clube, a minha candidatura desapareceria e passaria a apoiá-los. Todos declinaram da possibilidade de ser candidato, mas empenharam apoio caso ocorra a minha eleição. O próprio Paiva Torres disse isso de viva voz a mim. Todos os nomes que busquei para consultar, estão acima de qualquer suspeita dentro do ABC, então resolvi enfrentar o desafio. O mais difícil foi convencer a minha família e isso eu já fiz. Apesar de acharem que vou cometer uma loucura a mulher e os filhos estão me apoiando.
E com relação ao contrato para jogar na Arena das Dunas?
Se eu puder eu desmancho, fui contra. Ele só trouxe prejuízo ao ABC e quando me posicionei contra a assinatura estava com a razão, a prova está aí. Qual o lucro que tivemos? Escapamos do rebaixamento há dois anos, mas e hoje? O ABC tem de jogar em seu estádio e tendo a oportunidade farei o distrato de forma legal na Justiça.
Fonte: Tribuna do Norte

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