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sábado, 3 de outubro de 2015

A difícil arte de Planejar a temporada de 2016


Os dois maiores clubes do RN estão com um desafio que tem se mostrado difícil no mundo do futebol: planejar a temporada do próximo ano com alguma antecedência. Ambos enfrentam problemas financeiros, vivem período eleitoral e ainda não conseguiram profissionalizar as suas gestões. O ano de 2016, com o país em crise econômica e as empresas protegendo seus capitais, demonstra que os novos dirigentes terão de usar de muita imaginação e criatividade para conseguir gerir ABC e América sem desagradar a torcida e o conselho deliberativo. Em termos financeiros, o América viveu um ano bem mais difícil que o ABC. A queda para série C tirou do alvirrubro receitas consideradas importantes como a cota da televisão para os clubes que disputam a série B (R$ 2,9 milhões) e mais o patrocínio da Caixa, que em 2014 rendeu  cerca de R$ 2 milhões ao clube. Dessa forma, a equipe apostou todas as suas fichas na manutenção de um elenco forte e caro, no sentido de tentar o acesso a divisão dos clubes emergentes já na atual temporada, mas a perda da vaga para o Confiança fez o sonho se transformar num pesadelo, que terá de ser enfrentado a qualquer custo. A profissionalização da gestão nos clubes é uma necessidade, mas no Brasil, um estudo da Pluri Consultorias demonstra que esse cenário é irreal e no Nordeste, ainda se trata  de uma grande utopia. O ex-presidente Jussier Santos acredita que o emocionalismo é o principal adversário das gestões dos clubes potiguares, portanto o motivo que detona qualquer tentativa de se implantar um tipo de administração mais adequado ao cenário.
Magnus NascimentoEx-presidente do América Jussier Santos acredita que o emocionalismo é o principal adversário das gestões dos clubes potiguares 
Ex-presidente do América Jussier Santos acredita que o emocionalismo
é o principal adversário das gestões dos clubes potiguares
“O emocionalismo, na minha visão, é o grande mal que se abate sobre o nosso futebol. Além disso, os clubes estão sendo corroídos também por um processo de corrupção, se não houver modificação nesse quadro o nosso futebol não vai demorar muito para acabar como seguimento. A qualidade já caiu bastante em decorrência desses problemas”, afirmou Jussier Santos. No ABC, o cenário atual é basicamente igual ao vivido pelo clube em 2009. O Alvinegro estava em processo eleitoral, a oposição tocava fogo na política do clube, que vinha mal na série B, não contava com  boas arrecadações e o cenário de terra arrasada se confirmou com o rebaixamento para série C, com o nome do então presidente Judas Tadeu em baixa com a torcida. Mas num claro sinal de que realizando o trabalho correto os resultados não demoram a surgir, a equipe do presidente Rubens Guilherme assumiu o comando abecedista em 2010 conquistando, além do acesso para série B, o título do Campeonato Brasileiro da série C, considerado o maior feito do clube no futebol.
Rodrigo Sena/Arquivo TNFlávio Anselmo diz que ABC corre risco de entrar em colapso financeiro 
Flávio Anselmo diz que ABC corre risco de entrar em colapso financeiro
“A situação financeira naquela época, quando a gente assumiu junto com Rubens Guilherme, era complicada. Mas nós sabíamos exatamente quanto devíamos e quanto poderíamos investir. Começamos com uma folha salarial de R$ 79 mil na disputa do Estadual e fomos campeões brasileiros com uma folha de R$ 250 mil. Hoje a folha do futebol está muito onerada”, disse Flávio Anselmo, o primeiro vice-presidente de futebol da “era Rubens Guilherme”. Mas em alguma época dentro desses cinco anos, o trem do profissionalismo descarrilou e a mesma gestão de sucesso chega a sua parte final repetindo os mesmos erros das gestões anteriores. “Antes havia muito rigor nas contratações, hoje não parece que exista essa mesma preocupação. Começaram a contratar atletas com salário fora da realidade do mercado local e cujo futebol não correspondia ao valor pago. Vinha o protesto da torcida e logo eram contratados outros para salvar a pátria, o que se tornou um problema para o clube que corre um grave risco de entrar em colapso financeiro”, salienta Flávio. A figura do dirigente torcedor se tornou bastante perigosa para os clubes após a implementação da “Lei Pelé”, que obriga os clubes a pagarem integralmente os salários acertados com os atletas. “Ou se acaba com essa Lei Pelé ou o futebol como existe hoje no Brasil vai acabar. Ela aumentou ainda mais o buraco financeiro dos clubes de futebol no Brasil. Nosso futebol continua revelando jogadores, mas os melhores se transferem cedo para Europa. O clube não tem como segurar os atletas formados na base por que estão endividados e é por isso que a qualidade foi lá para baixo”, ressalta Jussier Santos.
Planejamento esbarra na incerteza das receitas
De acordo com o levamento realizado pela Pluri Consultoria, no Brasil, o único clube que se mostra na luta contra o amadorismo na gestão do futebol é o Flamengo. Com Eduardo Bandeira a frente da administração, o rubro-negro vem dando passos cada vez mais firmes no sentido de profissionalizar sua gestão. Mas a realidade vivida pelo gigante brasileiro, difere bastante dos demais clubes, principalmente os da região Nordeste. Por exemplo, a diretoria do ABC hoje ainda não sabe as receitas que terá em 2016, as duas únicas cotas definidas são as da participação na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste, as demais simplesmente ainda precisam ser confirmadas.
“Como se pode realizar um planejamento preciso se dependemos confirmar algumas variantes importantes? Quanto o clube vai receber da Timemania. Ele vai ficar ou não na série B? Ficando, a Caixa vai continuar patrocinando o clube? Todas essas são questões que impedem clubes como o ABC realizar um planejamento com antecedência e o mais próximo da realidade para temporadas futuras. O que podemos fazer, no máximo, são traçar cenários e procurar agir em cima dos mesmos”, afirma Stênio Dantas, que desempenhou a função de executivo de marketing do ABC nas três últimas temporadas. Ele disse ainda que mesmo assinando a prorrogação do contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal, a instituição financeira ainda não realizou um repasse sequer ao alvinegro em 2015, a não ser as parcelas restantes do ano anterior. Jussier Santos  destaca que o público a cada dia vai demonstrando menos interesse pelo futebol, o que aumenta um risco de colapso do seguimento. “Na hora que a TV, que nutre os clubes com verbas, olhar que o futebol não interessa mais ao seu consumidor, quero ver o que será do futebol. Ou se faz algo logo para mudar o quadro ou esse dia não vai demorar a chegar”, adverte.
Fonte: Tribuna do Norte

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