O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ex-policial militar do Bope comemora ouro no Parapan: "Missão cumprida"


Joseano Felipe - atleta paralímpico - medalha de ouro halterofilismo - Parapan Toronto 2015 (Foto: Fernando Maia/MPIX/CPB)Joseano Felipe conquistou o ouro no Parapan de Toronto 2015 (Foto: Fernando Maia/CPB)

A conquista de uma medalha por um atleta paralímpico é sempre acompanhada de uma história de superação através do esporte. O caso do potiguar Joseano Felipe não é diferente. Ele ganhou medalha de ouro no halterofilismo na categoria pesado (unificado entre atletas de até 107kg e acima de 107kg) nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá. O ouro veio com um levantamento de 200kg. Missão dada é missão cumprida e está aí a missão cumprida em forma de medalha de ouro - fala. A frase "missão dada é missão cumprida" usada pelo potiguar ficou famosa após o filme Tropa de Elite, lançado em 2007 e que retrata o cotidiano de uma das tropas de elite da Polícia Militar, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), e se adequa bem na vida de Joseano Felipe. Antes de se tornar um atleta paralímpico, ele era integrante do Bope do Rio Grande do Norte. Com a vontade que vinha desde de garoto de se tornar PM, ele ingressou na corporação em 1999. No ano de 2000, aos 26 anos, e pouco mais de um ano após se tornar "caveira", Joseano passou por algo que mudou sua vida para sempre. Durante a operação para evitar a fuga do bando de Valdetário Carneiro - um dos criminosos mais conhecidos do estado - do presídio estadual de Alcaçuz, ele teve atingida uma das vértebras de sua coluna em meio à troca de tiros com os bandidos. O ferimento deixou Joseano paraplégico e a perda do movimento das pernas fez o PM cair em depressão. Eu passei três anos em depressão profunda até conhecer o esporte. Não saía nem no portão de casa. Eu tinha duas opções: ou ficava em casa reclamando da vida ou eu ia viver do esporte. O esporte mudou minha vida - lembra. Para sair da depressão, Joseano Felipe contou com a sorte de encontrar a pessoa certa, no lugar certo e na hora certa. Com a recomendação de praticar hidroterapia - terapia dentro d'água - para tentar recuperar os movimentos, ele foi convidado pelo proprietário para praticar o halterofilismo, esporte que ele nem sabia do que se tratava. A partir daí a vida dele começava a se transformar através do esporte. - Foi uma coincidência. Eu comecei a fazer hidroterapia lá no Tutubarão para começar a me movimentar dentro d'água e o proprietário me chamou para praticar halterofilismo. Até então, eu achei estranho. Topei fazer, gostei e na minha primeira competição fiquei em segundo lugar, em 2005. Tomei gosto e até hoje é minha paixão - conta.
Capitão Felipe no comando
Como no filme, Joseano também tem seu Capitão Nascimento. É o próprio filho o responsável pelos treinamentos e, em pouco tempo no comando, o batalhão formado por pai e filho começa a apresentar grandes resultados.
Joseano Felipe - atleta paralímpico - medalha de ouro halterofilismo - Parapan Toronto 2015 (Foto: Carlos Cruz/GloboEsporte.com) 
Joseano tem o filho e treinador Felipe Santos como
fator motivador (Foto: Carlos Cruz/GloboEsporte.com)

Eu estava com os resultados meio estagnados e, depois que ele começou a me treinar, eu dei uma guinada grande. Aumentei muitos quilos em pouco tempo. Ele está sendo minha empolgação, é tudo para mim. No outro dia, após os treinos, eu estou todo quebrado, mas tem que ser assim mesmo. Ele que manda - brinca. Felipe dos Santos, o responsável por aplicar o treinamento literalmente barra pesada no próprio pai, é só orgulho quando fala do seu "zero um". Um abraçou a ideia do outro e é uma grande satisfação estar treinando e por toda a trajetória de vida dele. É um orgulho de minha parte. É algo que vou passar para os meus filhos e é uma motivação de sempre querer mais - conta o emocionado filho e treinador. De volta a Natal, Joseano ainda comemora muito o ouro que ganhou em Toronto. Motivo de orgulho dos colegas de farda preta, ele fez questão de visitar o quartel do Bope, na Zona Norte da capital, onde reencontrou velhos companheiros e ainda torna-se exemplo de superação para os policiais mais novos. A gente costuma dizer aqui (no Bope): 'quem for fraco que se quebre ou peça para sair'. Fraco com certeza ele não é. Sou recente no Batalhão. Conhecia a história dele, mas não o conhecia pessoalmente. Essa medalha é um exemplo de superação e uma lição de vida para todos os nossos policiais. O que ele passou é uma situação difícil, mas é nossa realidade diária. Mas como ele superou isso é exemplar - comentou o tenente Allisson. Com uma história de vida digna de roteiro de filme, Joseano Felipe segue traçando metas, sem essa história de "nunca serão". A próxima é a conquista da vaga para disputar os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Quando eu recebi essa medalha, eu estava no pódio e estava tocando o hino nacional, passou um filme rapidamente na minha cabeça desde o momento da lesão até aquele momento que eu estava ali no pódio. Uma sensação de realização, de dever cumprido e de que eu fiz a escolha certa. Esse ano está fazendo 10 anos que eu participo de competições e posso comemorar com a medalha de ouro no Parapan de Toronto -  frisa, emocionado.
Por Natal

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