O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ex-dependente dá cartão vermelho para as drogas e vira árbitro no RN

Aos 12 anos, teve o primeiro contato com as drogas e começou fumando maconha. Em pouco tempo, passou a experimentar outras substâncias e logo virou dependente de cocaína e crack. A família tentou ajudar, mas nem o clamor de sua mãe para que largasse as drogas o fez parar. Adolescente, pegou o salário da mãe para alimentar o seu vício. O desfecho dessa história poderia ser bem diferente, mas, antes da prisão ou até da morte, ele entendeu que precisava mudar o rumo da sua vida. A transformação veio através do esporte. Doze anos depois, largou as drogas, se profissionalizou e hoje, aos 31 anos, é conhecido no mundo da bola por Leandro de Sales Barchz, árbitro do quadro da Federação Norte-rio-grandense de Futebol. Quando eu vi, estava introduzido no meio de uma roda de pessoas fumando cigarro, fumando maconha, e para não dizer que eu era o único que eu não fazia, eu utilizei a primeira vez. O meu fundo do poço foi me ver dentro de um terreno baldio, com meninos de rua, utilizando drogas já há uns dois dias, depois de pegar o salário da minha mãe, o salário do mês que eu consegui pegar dela. Estava utilizando droga nesse terreno e vi algumas cenas lá que mexeram bastante comigo. Eu vi um jovem ser executado e escutei uma voz de Deus dizendo pra mim que se eu não tomasse jeito eu seria o próximo. Ou eu ia ser preso, ou eu ia morrer - pensou. Leandro decidiu, então, buscar tratamento para o seu problema. Mas a tarefa não foi nada fácil, afinal o simples desejo de parar nem sempre é suficiente para que uma pessoa saia do mundo das drogas, que o tempo todo oferece novos atrativos. Depois de muita insistência, e somente na 11ª tentativa, ele conseguiu, finalmente, se internar em uma clínica de reabilitação para viciados. E, há sete anos, deu cartão vermelho para as drogas.
Leandro Sales - árbitro (Foto: Reprodução//Inter TV Cabugi) 
Leandro Sales fez estreia no Campeonato Potiguar 2015
(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
A entrada no universo do futebol nem estava nos planos e só viria cinco anos depois, quando recebeu um convite do experiente árbitro potiguar Suelson Diógenes de França Medeiros para participar de um curso de formação de árbitros em 2013. Os dois se conheceram em um encontro da igreja católica e, em meio a uma conversa, surgiu o assunto e o interesse pela arbitragem. Há pouco mais de um mês, já devidamente habilitado para a função, Leandro fez sua estreia dirigindo a partida entre Santa Cruz-RN e Potiguar de Mossoró, válida pela sétima rodada do returno do Campeonato Potiguar. Antes disso, tinha trabalhado em outros sete jogos do estadual como quarto árbitro. Com as drogas deixadas no passado, Leandro relembra o nervosismo da primeira vez e planeja uma promissora carreira nos gramados, revelando um sonho para um futuro próximo. Alguns amigos meus falaram que até entrar e assoprar o apito as pernas iam tremer bastante. O nervosismo foi grande, mas foi muito gratificante. Apitar um clássico ABC x América-RN na Arena das Dunas para mim, hoje, seria o ápice mesmo da carreira. Seria show de bola - revelou.  E a atuação do novato em campo ganhou o respaldo de quem entende bem do assunto. Ele foi para o jogo no interior. Apitou bem, sem nenhuma reclamação, tranquilo, aplicando a regra dentro da normalidade - avaliou o coronel Ricardo Albuquerque, presidente da Comissão Estadual de Arbitragem do Futebol do Rio Grande do Norte.
Leandro Sales - árbitro (Foto: Reprodução//Inter TV Cabugi) 
Leandro Sales com a mãe, Dona Ângela, e com o coronel
Ricardo Albuquerque (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Emocionado, Leandro puxa pela memória os momentos críticos que enfrentou e agradece o apoio da mãe nessa dura caminhada até aqui. Dona Ângela, que reclamava da teimosia do filho quando era pequeno, hoje vibra com recuperação dele e até brinca com a nova e complicada função dela: a de mãe de árbitro de futebol. Foi uma vitória muito grande na minha vida ter a recuperação dele. Agora ele não quer me levar no campo porque sabe os 'nomes' que eu levo - confessou Ângela, sorrindo, se referindo aos xingamentos que certamente ouviria no estádio. Aos 31 anos, Leandro, que tem duas filhas, agora tem uma meta pessoal. Além de apitar um Clássico Rei na Arena das Dunas, ele quer servir de exemplo para ajudar outros dependentes químicos a mudarem o rumo das suas vidas, longe das drogas e mais perto do esporte. Me considero um vencedor e a minha maior ideia hoje é continuar vencendo para ajudar pessoas que têm o mesmo problema que eu tive, e para demonstrar que é possível a pessoa, o cidadão, mudar - afirmou.
Por Natal

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